terça-feira, 22 de junho de 2010

Realismo de Portugal


(Moças peneirando trigo – Gustave Courbet)

O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distracção e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida urbana (tensões sociais, económicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma linguagem clara e directa. A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão Coimbrã, polémica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo. O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e da hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efectivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo.
Houve reacções: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que ele próprio já tinha defendido posições parecidas. A implantação efectiva do Realismo dá-se com a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo os factores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o carácter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Questão de Coimbrã


(Grandes Revolucionários do Realismo)

A partir de 1860, uma reviravolta intelectual portuguesa: o Romantismo está agonizante. Coimbra é a trincheira de jovens revolucionários influênciados pelas ideias de Proudhon, Quinet, Taine, Renan etc. Em 1861, Antero de Quental funda a Sociedade do Raio e em 1865 edita Odes Modernas. Na Obra de Pinheiro Chagas, Poema da Mocidade (1865), Castilho faz um posfácio onde critica os jovens da geração de 60: "muito há que eu me pergunto a mim donde proviria esta enfermidade que hoje grassa por tantos espíritos, de que até alguns dos mais robustos adoecem, que faz com que a literatura e em particular a poesia ande marasmada, com fastio de morte á verdade e a simplicidade..."
Como resposta, Antero publica uma carta aberta a Castilho, denominada "Bom-senso e Bom gosto", onde rebate as críticas do mestre romântico ("Levanto-me quando os cabelos brancos de V.Exa passam diante de mim. Mas o travesso o cérebro que está debaixo e as garridas e pequininas cousas que saem dele confesso não merecerem, nem admiração, nem respeito, nem ainda estima. A futilidade num velho desgosta-me tanto com a gravidade numa criança V.Exa precisa menos cinqüenta anos de idade, ou então mais cinqüenta de reflexão."). Estava iniciada a Questão Coimbrã, ou Bom senso e Bom gosto.Essa querela entre antigos e novos vai até o ano 1871.

domingo, 20 de junho de 2010

Conferências do Casino


(Livro feito pelo escritor J.F relatando todas as passagens da Conferências do Casino)

Conferências do Casino é uma tentativa de revolucionar, transformar a sociedade portuguesa e elevar Portugal ao mesmo nível das potencias europeias, onde, entre outras coisas, apregoa-se uma reforma, uma transformação política, econômica, social e religiosa da sociedade portuguesa.
Eça de Queiroz, que tinha participado apenas como espectador nas polêmicas da Questão Coimbrã, desta vez se coloca no centro da diatribe defendendo o Realismo (o pomo da discórdia entre os defensores do romantismo e do ultra-romantismo e a Geração de 70). Sob a influência do Cenáculo e de Antero, Eça aproximou-se das teorias de Taine e dos postulados estético-sociais de Proudhon, atacando fortemente o estado da literatura portuguesa (que considera decadente) e propondo uma arte que correspondesse ao espírito dos tempos, actuasse como regeneradora do corpo social e da sua consciência, banisse o que era falsidade e pintasse a realidade tal como ela é. Alguns exemplos são Coubert na pintura e Flaubert na literatura com a obra Madame Bovary.
Eça renega assim a arte pela arte e põe a literatura ao serviço da sociedade e do aperfeiçoamento da humanidade, posicionando-se consciente ou inconscientemente dentro do Naturalismo.

sábado, 19 de junho de 2010

Principais autores do Realismo de Portugual



(Eça de Queiroz 1845-1900/ Antero de Quental 1842-1891)
José Maria Eça de Queirós , nasceu em Póvoa do Varzim 1845. Passou a infância e juventude longe dos pais pois estes não eram casados. Estudou direito na Universidade de Coimbra. Ligou-se por essa ocasião ao grupo renovador chamado “Escola de Coimbra” , Responsável pela introdução do Realismo em Portugal.
Eça não participou diretamente da “Questão Coimbra” - 1865 - , a polêmica em que jovens defensores de novas idéias literárias , artísticas e filosóficas liderados por Antero de Quental , se defrontaram com os velhos românticos , ultrapassados e conservadores , liderados por Visconde de Castilho.

Dedicou-se ao jornalismo depois de formado , e viajou pelo Oriente. Em 1871, participou das “Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense” – nova etapa da campanha que implantou em Portugal as novas perspectivas culturais do Realismo falando sobre o “Realismo como nova expressão da arte”.

Eça de Queirós e o representante maior da prosa realista em Portugal. Grande renovador do romance , abandonou a linha romântica , e estabeleceu uma visão critica da realidade. Afastou-se do estilo clássico , que pendurou por muito tempo na obra de diversos autores românticos , deu a frase uma maior simplicidade , mudando a sintaxe e inovando na combinação das palavras. Evitou a retórica tradicional e os lugares comuns , criou novas formas de dizer , introduziu neologismos e, principalmente utilizou o adjetivo de maneira inédita e expressiva. Este novo estilo só teve antecessor em Almeida Garrett e valeu a Eça a acusação de galicismo e estabeleceu os fundamentos da prosa moderna da Língua Portuguesa.
Enfim , no dia 16 de Agosto de 1900 Eça morre em Paris. Deixava um episódio literário que veio a ser publicado aos poucos.

OBRAS:

O Crime do Padre Amaro , 1876. Segunda edição refundida , 1880.
O Primo Basílio , 1878.
O Mandarim , 1880.
A Relíquia , 1887.
Os Maias , 1888.
Uma Campanha Alegre , 1890 e 1891.
A Ilustre Casa de Ramires , 1900.
Correspondência de Fradique Mendes , 1900.
Dicionário de Milagres , 1900.
A Cidade e as Serras , 1901. Contos , 1902.
Prosas Bárbaras , 1903.
Cartas de Inglaterra , 1905.
Ecos de Paris , 1905.
Cartas Familiares e Bilhetes de Paris (1893 – 1896) , 1907.
Notas Contemporâneas , 1909.
A Capital , 1925.
O Conde de Abranhos e A Catástrofe , 1925.
Correspondência , 1925.
Alves & Cia , 1926.
O Egito , 1926.
Cartas Inéditas de Fradique Mendes e Mais Páginas Esquecidas , 1929.
Novas Cartas Inéditas de Eça de Queirós , 1940.
Crônicas de Londres , 1944.
Cartas de Lisboa , Correspondência do Reino , 1944.
Cartas de Eça de Queirós , 1945.
A Tragédia da Rua das Flores , 1980.

ANTERO DE QUEIROZ


Nascido na Ilha de São Miguel, Açores, durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Iniciou seus estudos na cidade natal, mudando para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.

Em 1861, publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.

Ainda em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.

Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.

Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social.

Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas em 1875, fez a reedição das Odes Modernas.

Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.

Em 1880, adoptou as duas filhas do seu amigo, Germano Meireles, que falecera em 1877. Em Setembro de 1881 foi, por razões de saúde, e a conselho do seu médico, viver em Vila do Conde, onde fixou residência até Maio de 1891, com pequenos intervalos nos Açores e em Lisboa. O período em Vila do Conde foi considerado pelo poeta o melhor período da sua vida: "Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz." [1]

Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre Março e Outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido à sua estadia em Vila do Conde, foi criada nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos"

Em 1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de Janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em Maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de Transtorno Bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em Junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, suicidando-se no dia 11 de Setembro de 1891, com dois tiros na boca, disparados num banco de jardim.

OBRAS:
Sonetos de Antero, 1861
Beatrice e Fiat Lux, 1863
Odes Modernas, 1865 (na origem da polémica Questão Coimbrã). Reeditadas em 1875.
Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculos)
A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (na origem da polémica Questão Coimbrã)
Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX, 1865
Portugal perante a Revolução de Espanha 1868
Primaveras Românticas, 1872
Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1872
A Poesia na Actualidade, 1881
Sonetos Completos, 1886
A Filosofia da Natureza dos Naturistas, 1886
Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890
Raios de extinta luz, 1892
Prosas

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Realismo do Brasil

No Brasil do Segundo reinado (de 1840 a 1889), impera o conhecido "parlamentarismo às avessas", quando o Imperador D. Pedro II escolhe o senador ou o deputado para o cargo de primeiro-ministro, com a complacência do Partido Liberal e do Partido Conservador, que se revezavam no poder, sempre segundo os interesses da oligarquia agrária.

No campo da economia, o Brasil, na metade do século XIX, ainda mantinha uma estrutura baseada no latifúndio, na monocultura de exportação com mão-de-obra escrava voltada para o mercado cafeeiro.

Por volta da década de 1870, no entanto, as oligarquias agrárias, que até então "davam as cartas" na economia e na política do país, sofrem pressões internacionais para o desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil, no sentido de um processo de modernização que se dá lentamente. Inicialmente, pela proibição do tráfico negreiro. Com isso cresce a mão-de-obra imigrante, desenvolve-se a indústria cafeeira no interior do estado de São Paulo e ferrovias são construídas. Ao longo dos trilhos, concentram-se as fábricas que dão origem à classe média urbana, que se insatisfaz com a falta de representatividade política.

Essa classe, apóia-se no Exército e aceita a liderança dos cafeicultores paulistas, responsáveis pelos trabalhadores assalariados no país e defensores de mudanças estruturais, como a substituição da Monarquia, já desgastada e reacionária, pela República.

A Proclamação se dá em 1889, porém, a República não atenderia as ambições da classe média e dos militares. Então, representantes das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais passam a controlar o Estado brasileiro, por meio de uma aliança entre seus governadores que ficou conhecida como "Política do café-com-leite".

O Brasil da época é um país com idéias liberais, republicanas, "modernas", no entanto, tem que conviver com uma estrutura político-econômica oligárquica, agrária, latifundiária e coronelista.

Da Europa foram trazidas algumas idéias, entre elas o positivismo de Auguste Comte, o determinismo histórico de Taine, o socialismo utópico de Proudhon e o socialismo científico de Karl Marx, o evolucionismo de Darwin e a negação do Cristianismo de Renan.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Principais autores do Realismo Brasileiro



(Machado de Assis- Raul Pompeia - Aluízio de azevedo-Visconde de Taunay)

JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um romancista, dramaturgo, contista, jornalista, cronista e teatrólogo brasileiro, considerado como o maior nome da literatura brasileira e um dos maiores escritores do mundo, de forma majoritária entre os estudiosos da área. Sua extensa obra constitui-se de nove romances e nove peças teatrais, 200 contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Machado assumiu cargos públicos ao longo de toda sua vida, passando pelo Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, Ministério do Comércio e pelo Ministério das Obras Públicas. No dia 20 de julho de 1897 com iniciativa de Lúcio de Mendonça, fundou a Academia Brasileira de Letras.

A obra ficcional de Machado de Assis tendia para o Romantismo em sua primeira fase, mas converteu-se em Realismo na segunda, na qual sua vocação literária obteve a oportunidade de realizar a primeira narrativa fantástica e o primeiro romance realista brasileiro em Memórias Póstumas de Brás Cubas (sua magnum opus). Ainda na segunda fase, Machado produziu obras que mais tarde o colocariam como especialista na literatura em primeira pessoa (como em Dom Casmurro, onde o narrador da obra também é seu protagonista). Como jornalista, além de repórter, utilizava os periódicos para a publicação de crônicas, nas quais demonstrava sua visão social, comentando e criticando os costumes da sociedade da época, como também antevendo as mutações tecnológicas que aconteceriam no século XX, tornando-se uma das personalidades que mais popularizou o gênero no país.

OBRAS:

Crônicas

Comentários da semana, (1861-1863) - Crônicas do Dr. Semana, (1861-1864) - O futuro, (1862-1863) - Ao acaso, (1864-1865) - Cartas fluminenses, (1867)
Badaladas, (1871-1873) - História de quinze dias, (1876-1877) - História de trinta dias, (1878) - Notas semanais, (1878)
Balas de estalo, (1883-1886) - Bons dias!, (1888-1889)
A semana, (1892-1900)

Contos

Contos Fluminenses, (1870) - Histórias da Meia-Noite, (1873)
Papéis Avulsos, (1882) - Histórias sem Data, (1884)
Várias Histórias, (1896) - Páginas Recolhidas, (1899)
Relíquias da Casa Velha, (1906)

Romance e Realismo

Ressurreição, (1872) - A mão e a luva, (1874) - Helena, (1876) - Iaiá Garcia, (1878)
Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881) - Casa Velha, (1885)
Quincas Borba, (1891) - Dom Casmurro, (1899)
Esaú e Jacó, (1904) - Memorial de Aires, (1908)

Poesias

Crisálidas, (1864)- Falenas, (1870) - Americanas, (1875)- Ocidentais, (1880)- Poesias completas, (1901)

Teatros

Hoje avental, amanhã luva, (1860) - Desencantos, (1861) - Queda que as mulheres têm para os tolos, (1861) - O caminho da porta, (1863) - O protocolo, (1863) - Teatro I, (1863) - Quase ministro, (1864) - Os deuses de casaca, (1866)Tu, só tu, puro amor, (1880)Não consultes médico, (1896)-Lição de botânica, (1906)




ALUÍSIO DE AZEVEDO




Filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo,ainda jovem, enviuvara-se em boda anterior, e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães, que se separara de um rico comerciante português, assiste Aluísio, em garoto, ao desabono da sociedade maranhense à união paternal contraída sem segundas núpcias, algo que se configura grande escândalo à época. Foi Aluísio, irmão mais novo do dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, com o qual ,em parceria, viria a esboçar peças teatrais.

Ainda em petiz revela pendores para o desenho e para a pintura, dom o qual mais tarde lhe auxiliará a produção literária. Concluindo preparatórios em São Luís do Maranhão, transfere-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prossegue estudos na Academia Imperial de Belas-Artes, obtendo, a título de subsistência imediata, ofício de colaborador caricaturista de jornais.

Com o falecimento do pai em 1879 volta ao Maranhão para sustentar a família, onde, instigado por dificuldades financeiras, finalmente dá início à atividade literária, publicando Uma Lágrima de Mulher no ano seguinte. Em 1881, ano dentre a crescente efervescência abolicionista, publica o romance O Mulato, obra que resulta em chocar a sociedade por seu modo cru de desnudar a questão racial. O autor demonstra-se abolicionista convicto.

Diante da reação hostil da província, obtendo sucesso com obra à corte considerada exemplo da escola naturalista, volta à capital imperial onde incessantemente produz romances, contos, crônicas e peças teatrais.

Sua obra é tida na conta de irregular por diversos críticos, uma vez a produção oscile entre o Romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial para o grande público, e o Naturalismo já em obras mais elaboradas, deixando a marca de precursor do movimento.

Feito diplomata em 1895 deixa definitivamente da pena, indo servir à Espanha, Inglaterra, Itália, Japão (do qual fez apontamentos antevidentes e singulares), Paraguai e Argentina. Em 1910, feito já cônsul de primeira classe, instala-se em Buenos Aires, onde, passados quase três anos, vem a falecer deixando esposa e os dois filhos desta.



OBRAS:

Uma Lágrima de Mulher, novela (1880)
O Mulato, novela (1881)
Mistério da Tijuca ou Girândola de Amores, novela (1882)
Memórias de um Condenado ou Condessa Vésper, novela (1882)
Casa de Pensão, novela (1884)
Filomena Borges, novela (1884)
O Homem, novela (1887)
O Cortiço, novela (1890)
O Coruja, novela (1890)
A Mortalha de Alzira, novela (1894)
Demônios, contos (1895)
O Livro de uma Sogra, novela (1895)
O Japão, publicado, a partir de manuscritos encontrados na Academia Brasileira de Letras (1894)
O Bom Negro, crônica
Os Doidos, peça
Casa de Orates, peça
Flor de Lis, peça
Em Flagrante, peça
Caboclo, peça
Um Caso de Adultério, peça
Venenos que Curam, peça
República, peça
O Esqueleto, não obstante publicado em recente versão de suas obras completas, organizadas por Nogueira Jr., não é de autoria de Aluísio Azevedo senão da de Olavo Bilac e de Pardal Mallet.




RAUL POMPEIA



Ainda menino, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Matriculado no colégio Abílio, distinguiu-se como aluno estudioso, bom desenhista e caricaturista. Na época, redigia o jornalzinho "O Archote". Prosseguiu seus estudos no Colégio Pedro II e publicou em 1880 seu primeiro romance, Uma tragédia no Amazonas. Em 1881, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, participando das correntes de vanguarda, materialistas e positivistas, que visavam fundamentalmente à abolição da escravatura e à República.

Ligou-se a Luís Gama e participou intensamente das agitações estudantis. Paralelamente, iniciou a publicação, no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, dos poemas em prosa Canções sem Metro. Reprovado no terceiro ano da faculdade, terminou o curso em Recife. De volta ao Rio de Janeiro, iniciou-se no jornalismo profissional escrevendo crônicas, folhetins, contos. Integrava as rodas boêmias e intelectuais, e, aos poucos, impôs-se como escritor.

Em 1888, deu início à publicação de um folhetim na Gazeta de Notícias e no mesmo ano publicou o romance O Ateneu, uma "crônica de saudades", que lhe deu a consagração definitiva como escritor.

Após a Lei Áurea e a Proclamação da República, prosseguiu em suas atividades de jornalista político, engajando-se no grupo dos chamados "florianistas". Entregou-se a um exaltado nativismo. Tendo pronunciado um inflamado discurso junto à tumba de Floriano Peixoto (1895), foi demitido do cargo que ocupava na Biblioteca Nacional. Suicidou-se com um tiro no peito numa noite de natal, no escritório da casa onde morava com a mãe, que assistiu à sua morte.


OBRAS:


1880 - Uma tragédia no Amazonas (romance)
1888 - O Ateneu (romance)
1900 - Canções sem metro (prosa)
1962 - As joias da Coroa (panfleto satírico)




Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay



Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, primeiro e único visconde de Taunay, (Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1843 — Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1899) foi um nobre, escritor, músico, artista plástico, professor, engenheiro militar, político, historiador e sociólogo brasileiro.
Alfredo Taunay nasceu em uma família aristocrática de origem francesa no Rio de Janeiro. Seu pai, Félix Emílio Taunay, era pintor, professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes e seu avô paterno foi o conceituado Nicolas-Antoine Taunay. Sua mãe, Gabriela Hermínia Robert d'Escragnolle Taunay, fora uma dama da alta sociedade brasileira e era irmã do barão d'Escragnolle e filha do conde d'Escragnolle.

Após obter seu bacharelado em literatura no Colégio Pedro II em 1858, aos quinze anos de idade, Taunay estudou Física e Matemática no Colégio Militar do Rio de Janeiro, tornando-se bacharel em Matemática e Ciências Naturais em 1863.

Casou-se com Cristina Teixeira Leite, filha do barão de Vassouras, neta do primeiro barão de Itambé e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca. Seu filho foi o historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, membro-fundador da Academia Brasileira de Letras.
Crítico das influências da literatura francesa, Taunay buscava promover a arte brasileira no exterior. No dia 21 de agosto de 1883 propõe à câmara dos deputados a autorização de uma soma para a realização de uma sinfonia por Leopoldo Miguez em Paris, nos Concerts-Collone. Anteriormente fora responsável pela promoção de Carlos Gomes no exterior.

Taunay foi um autor prolífico, produzindo ficção, sociologia, música (compondo e tocando) e história. Na ficção, a obra Inocência é considerada pelos críticos como seu melhor livro. Faleceu diabético no dia 25 de janeiro de 1899.
Foi oficial da Imperial Ordem da Rosa e cavaleiro das imperiais ordens de São Bento de Avis e de Cristo.
Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira n.° 13, que tem como patrono Francisco Otaviano.



OBRAS:

A Campanha da Cordilheira, 1869
La Retraite de Laguna, 1871 (em francês, traduzido como "A retirada da Laguna")
Inocência, romance, 1872
Lágrimas do Coração. Manuscrito de uma Mulher, romance, 1873
Ouro sobre Azul, romance, 1875
Estudos críticos, 2 vols., 1881 e 1883
Amélia Smith, drama, 1886
No Declínio, romance, 1889
O Encilhamento, romance, 1894
Reminiscências, memórias, 1908 (póstumo)

segunda-feira, 14 de junho de 2010